A ética no meu contexto profissional diz que não nos devemos envolver para além da figura educativa com o Jovem. Todavia, quando convivemos durante 2 anos com um educando, do qual diariamente apercebemos que nos vai assumindo como a sua referência humana ao ponto de dizer "gosto de si, você é como um irmão mais velho para mim", esse afastamento formal que de certa forma se compreende e justifica deixa de fazer sentido. E muito mais incoerente ou inconveniente se torna quando para além da comunicação verbal existia uma emocional recíproca ao ponto de pela primeira e até hoje única -em 4 anos de intervenção com jovens- ter chorado por um quando este terminou o seu percurso educativo por mim. Hoje, neste dia, facilmente concluo o porquê dessa minha reacção, digo isto porque normalmente quando me deparo pela primeira vez com um jovem, no inicio do seu trajecto, há uma pergunta inevitável, mesmo que não feita, que surge no meu subconsciente; vítima ou agressor? Assim, no caso deste Jovem desde cedo percebi que este era uma vítima, pois na verdade sempre senti que aquelas lágrimas eram um prenúncio para o fim trágico e precoce que levou ao seu desaparecimento.
Descansa em paz Jorge*
"Senhor Helder, já lhe dei a tal chapada de luva branca : ). Obrigado por tudo aquilo que fez por mim, e por tudo o que me ensinou. Do seu Educando J.M."