Devo confessar que, cada vez que tenho de falar sobre o sistema tutelar português e de avaliar os prós e os contras da sua evolução num sentido mais próximo do "modelo justiça" sinto uma profunda inquietação.
É uma angústia antiga, que vem do tempo em que trabalhava naquele sistema, há quase uma dezena de anos, e compreendi que as crianças que tinha ali à minha frente, não eram, em regra, mais "delinquentes" ou mais "marginais" do que outras, que encontrava, barulhentas e livres, nas ruas, nos cafés, nos cinemas.
Eram simplesmente, mais infelizes e desprotegidas.
E interrogava-me cada dia se efectivamente as ajudava ou se, pelo contrário, as empurrava para a delinquência.
Eliana Gersão (1994)
fevereiro 06, 2011
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10 comentários:
Texto que abriria, com certeza, um debate...
Crianças em polos económicos diversos; família base; etc
CONSEQUÊNCIAS sem dúvida colega.
Comportamento gera comportamento
Causa > efeito.
Assim sendo...limito-me a uma resposta curta, parca em palavras, porque daqui e conforme o " bater inexorável" me obriga vou saciar o meu apetite com três dias de formação, com o objectivo de melhorar - se possível - o que o meu tipo de comportamento/conduta reflecte em terceiros.
Encontro-me, neste momento, a lê-lo.
:)
Quanto à formação concluo ter sido positiva, apesar dos conteudos teóricos pouco ou nada terem acrescentado, porém serviu para reforçar competências anteriormente adquiridas. E claro, a questão do convívio é sempre de salutar, ainda mais quando a interacção tem lugar entre formandos com a mesma formação académica ou semelhante.
Partilho uma constante luta contra o tempo com mais uma bateria de cidadãos...e questiono-me quando realizarei a formação que deve constar do meu currículo deste ano lectivo...
:)
E reportando-me ao texto a comentar, de Eliana Gersão, me recolho com uma citação que não me pertence:
"Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos." (Pitágoras)
Anónimos assim é bom ter por "cá".
:)
Apesar de hoje terem sido 16 horas ininterruptas sinto que fiz um mau trabalho enquanto Educador...ainda assim agradeço pois aquece-me a ambição ter neste meu canto afirmações, conclusões que relembram ou não me deixam esquecer qual o meu objectivo enquanto agente educativo em relação ao Adolescente.
E o que somos nós cidadãos?
Sim, sou mais uma anónima, que cruza a estrada da vida tentando deixar algum rasto positivo...
Deliberar em "voz alta", partilhar opiniões, sensações, experiências,...julgo ser um modo saudável e construtivo de relacionamento entre colegas com o objectivo comum de delinear comportamentos adequados às distintas situações com que nos deparamos no quotidiano real, em vários ambitos - em particular no que gerou esta (em termo) troca de palavras (profissional/educação).
:)
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